top of page
mateusvidigal

"Duelo" de IPAs: Vórtex VS Gênese!

Comparação sensorial entre duas categorias do mundo das India Pale Ale


Por Mateus Vidigal


Comparar cervejas, sejam ela do mesmo estilo ou de estilos diferentes, é um dos melhores exercícios sensoriais que você pode fazer para conhecer esse universo maravilhoso da cerveja artesanal.


Ser capaz de estabelecer semelhanças e diferenças, entender parâmetros e associar aromas e sabores é primordial para a formação da tal bagagem sensorial. O conhecimento é imprescindível para entender & aproveitar melhor sua bebida, como já disse aqui em outro texto do Blog.


E é isso que quero propor aqui com este "duelo" entre a Vórtex, nossa mais nova Juicy IPA, e a Gênese, nossa Double IPA feita aos moldes das clássicas West Coast IPAs, ambas cervejas da linha Cosmos, nosso mergulho no universo das IPAs.


"Duelo" assim, escrito entre aspas, porque, na verdade, estamos falando de duas IPAs, sim, mas de subestilos distintos, que respondem a diferentes parâmetros sensoriais e que, portanto, não poderiam ser comparadas diretamente.


O universo das India Pale Ale é muito rico e já foi tópico do Blog em outro momento. Se quiser saber um pouco mais a respeito dessas cervejas, sugiro que leia este texto aqui.


Antes de cair na (deliciosa) parte prática e comparar essas duas cervejas, acredito que seja válido dar um breve panorama dos motivos pelos quais é possível construir essa comparação.


A explosão das West Coast IPAs


Esse assunto é longo e mereceria um texto à parte. Dito isso, quem viveu o início dos anos 2010, mesmo aqui no Brasil (meu caso), lembra da revolução que as IPAs estadunidenses causaram. Essas cervejas são de fato uma parte importantíssima no mundo cervejeiro.


As IPAs da Costa-Oeste dos Estados Unidos se tornaram mundialmente famosas, naquele momento específico, por conta de seus exageros: são cervejas que reformularam as IPAs inglesas (país de origem do estilo), mudando completamente o perfil de lupulagem praticado até então e levando o amargor ao extremo.


Sensorialmente falando, nas West Coast IPAs, é esperado encontrar uma base de maltes que remeta a caramelo, amargor intenso e lúpulos que lembrem resina e frutas cítricas, além de final seco, atenuado.


A revolução moderna das New England IPAs


Já do outro lado, temos as modernas NE IPAs, também chamadas de Juicy ou Hazy IPAs (essas duas últimas, nomenclaturas oficiais dos guias de estilo).


Houve quem dissesse que era apenas uma modinha supérflua e que passaria logo... Bom, falando em Brasil, cá estamos mais ou menos depois de 6 anos do surgimento desse estilo para nós, falando de uma subcategoria do mundo das IPAs que dominou o mercado.


Foi isso que aconteceu: as New England/Juicy/Hazy IPAs chegaram ao Brasil por volta de 2016 e nunca mais saíram dos holofotes.


Basicamente, são o oposto às West Coast IPAs em duas frentes: do ponto de vista geográfico, enquanto as WC IPAs têm seu epicentro na Califórnia, no sudoeste dos EUA, as NE IPAs aparecem no nordeste do país, no estado de Vermont; do ponto de vista sensorial, as NE IPAs tem amargor mais contido (mas bem presente), base de maltes mais neutra (portanto, clara), e o grande destaque fica com aromas intensos de frutas tropicais e cítricas.


E porquê fazer uma comparação entre essas cervejas?


A razão é simples: ambas são IPAs, mas, do ponto de vista histórico-sensorial, por assim dizer, ocupam espaços diametralmente opostos. De certa forma, esse exercício é uma demonstração prática da transformação do jeito de se fazer IPA ao longo de uma década.


Como aqui é um exercício sensorial, vou falar aquilo que eu, Mateus, pego de informação, então é absolutamente comum que não sintam todas as nuances que eu descrever aqui. Cada pessoa tem a própria bagagem sensorial e pode sentir outras características, beleza?


Sem mais delongas, vamos para o copo!


Análise sensorial: Cosmos Vórtex


Ao ser servida, mostrou um líquido amarelo claro, turvo, com espuma branca de boa formação e retenção, protegendo a cerveja ao longo da análise. No nariz, muitas características de frutas tropicais e cítricas, com notas de manga, maracujá, melão, mamão, coco, casca de tangerina, acerola e pitanga. O malte está ali apenas como base para o lúpulo brilhar. No paladar, é uma cerveja amarga, diria que moderado para moderado/alto, com corpo médio, carbonatação moderada, textura macia e final seco. No retrogosto (aquilo que acontece depois de engolir a cerveja), temos domínio das notas frutadas, puxando um pouco mais para um perfil cítrico do que para tropical. Ótimo drinkability!

Informações de lupulagem: Southern Passion, Zappa, Tahoma, Idaho Gem (Hop Hash) e Mosaic (T90 e Lupomax).


Análise sensorial: Cosmos Gênese


Ao ser servida, mostrou um líquido âmbar, com leve turbidez, ótima formação e retenção de uma espuma marfim. No nariz, muita informação de lúpulo, com características resinosas, "verdes", cítrico adocicado (laranja bahia, toranja), mas também malte caramelo. No paladar, é primordialmente amarga - seguramente, a IPA mais amarga já feita pela Cruls. Amargor intenso, principalmente no início do gole, mas quase que imediatamente equilibrado por uma boa carga de dulçor maltado com essa pegada de caramelo que balanceia o conjunto. Corpo médio/alto para alto, com textura oleosa, carbonatação moderada. Álcool dando potência ao conjunto, mas sem promover aquecimento. Retrogosto amargo, bastante resinoso, e persistente. Há algum dulçor residual que ajuda a balancear o conjunto, deixando um bom nível de drinkability para uma cerveja desse porte.

Informações de lupulagem: Amarillo Citrus Zest, Chinook, Comet, Tahoma e Columbus (T90 e Hop Hash).


***


Sem falsa modéstia, que belo "duelo"!


As duas cervejas estão muito bem enquadradas dentro dos parâmetros dos respectivos estilos e, acredito que, em termos de execução de proposta, estamos falando de cervejas tecnicamente equivalentes!


De um lado, temos a Vórtex com um conjunto mais leve e que apresenta maior complexidade de características oriundas dos lúpulos; do outro, a Gênese entrega toda potência e equilíbrio esperados de uma West Coast DIPA.


Como não tenho preferência por esta ou aquela categoria de IPAs, me reservarei a não apontar uma vencedora dessa disputa informal.


Que bom que você também não precisa escolher e que as duas estão disponíveis no nosso site, né?


Com cada vez mais lançamentos acontecendo na Cruls, mais ricos vão ficando esses exercícios.


Quem sabe não rola de comparar duas cervejas da mesma subcategoria de IPAs simultaneamente num futuro próximo?


Será que isso foi um spoiler?


Por hoje é só!


O que achou dessas cervejas? Não se esqueça de nos avaliar lá no Untappd!

Ficou alguma dúvida? Querem fazer alguma pergunta específica a respeito dessa ou de outra das nossas cervejas? Qual assunto gostariam de ver sendo abordado aqui no Blog? Deixem seus comentários aqui no texto ou nas nossas redes sociais!


Tchau!

42 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page